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  • Facebook reconhece que não tomou medidas adequadas para prevenir a disseminação de conteúdo violento em Myanmar.

    Facebook reconhece que não tomou medidas adequadas para prevenir a disseminação de conteúdo violento em Myanmar.

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    Facebook admits it didn
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    Na véspera das eleições intercalares nos Estados Unidos, o Facebook divulgou um relatório independente sobre o impacto de sua plataforma em Myanmar.

    O Facebook encomendou um relatório sobre como sua presença afeta os direitos humanos no país, porém a organização sem fins lucrativos BSR foi responsável por concluí-lo.

    E confirma o que muitos desconfiavam: O Facebook não tomou medidas adequadas para impedir a violência e a divisão em Myanmar.

    O relatório indica que, anteriormente, não tomamos medidas adequadas para impedir o uso de nossa plataforma na promoção da divisão e instigação da violência no mundo real. Reconhecemos a necessidade de fazer mais nesse sentido. Essas foram as palavras do gerente de política de produtos do Facebook, Alex Warofka, em um comunicado.

    Para os 20 milhões de habitantes do sudeste asiático que utilizam a internet, o Facebook representa a principal plataforma online. De acordo com o relatório, a maioria dessas pessoas apresenta baixo nível de alfabetização digital, o que as dificulta na verificação e distinção de conteúdos, como distinguir notícias verdadeiras de informações falsas.

    Enquanto o Facebook proporcionou significativas chances de liberdade de expressão para os habitantes do país, também se tornou uma plataforma conveniente para aqueles que buscam instigar a violência e causar danos fora do ambiente online.

    De acordo com o relatório, uma pequena parte dos usuários está tentando transformar o Facebook em uma ferramenta para prejudicar a democracia e promover a violência no mundo real, incluindo crimes graves sob as leis internacionais. Um exemplo disso é o uso da plataforma para disseminar mensagens anti-muçulmanas, anti-Rohingya e anti-ativismo, conforme evidenciado no Relatório da Missão Internacional de Ação de Fatos Independentes em Myanmar.

    Em agosto, o Facebook excluiu páginas e grupos ligados a membros das forças armadas que estavam utilizando a rede social para promover atos de violência e purificação étnica contra os muçulmanos rohingya.

    O relatório destaca que essa situação poderia prejudicar a empresa que planeja contratar funcionários no país, mas ainda não possui nenhum atualmente.

    De acordo com o relatório, a atitude do Facebook em relação aos altos funcionários militares em agosto de 2018 gerou mais incertezas sobre a presença da equipe da empresa em Myanmar e levantou dúvidas sobre a capacidade do Facebook de intervir contra os militares se estivesse presente no país.

    Algumas sugestões abrangem a necessidade de o Facebook estabelecer uma política independente de direitos humanos, aprimorar a implementação de padrões comunitários – especialmente no que diz respeito à violência credível – e manter e divulgar informações que possam ser utilizadas para analisar violações de direitos humanos.

    O Facebook já avançou nesse sentido, porém diante das eleições de Mianmar em 2020, que têm sido um marco para discursos de ódio e assédio, a urgência é evidente.

    O relatório é um passo positivo, porém é preciso obter mais informações.

    A especialista em política digital da Universidade de Sydney, Aim Sinpeng, elogiou o relatório por iniciar a discussão sobre como o Facebook afeta os direitos humanos.

    No entanto, a plataforma de mídia social poderia conceder aos pesquisadores maior acesso às suas informações, que foram restritas desde o incidente envolvendo a Cambridge Analytica, dificultando a realização de estudos nessa área.

    “Se o Facebook realmente levasse a sério a avaliação do impacto de sua plataforma nos direitos humanos em nações como Myanmar, deveria possibilitar uma investigação detalhada sobre os dados do Facebook e como isso poderia estar ligado ao aumento do discurso de ódio e violações dos direitos online”, afirmou Sinpeng via e-mail.

    “Ao colaborar com organizações não governamentais locais, é possível que a mesma disposição seja estendida, porém é provável que o Facebook hesite em compartilhar suas informações, mesmo para fins de pesquisa ou monitoramento, optando por manter tais iniciativas internas longe do escrutínio público e divulgando seletivamente os resultados conforme julgar conveniente.”

    Em agosto, o Facebook divulgou informações inéditas sobre como detectou e eliminou conteúdo de discurso de ódio em Myanmar. Segundo o relatório, a plataforma conseguiu identificar antecipadamente aproximadamente 52% do material removido.

    A Sinpeng destacou a importância da sugestão do relatório de apoio financeiro às organizações locais para ajudar o Facebook a manter suas Normas Comunitárias. Isso é crucial, uma vez que o país é um mercado de crescimento significativo e corre alto risco de conflitos sociais com a mídia.

    “Existem organizações não-governamentais atuando nesse campo com o objetivo de combater o discurso de ódio e a desinformação online, e apesar de terem pressionado o Facebook por muitos anos para tomar alguma atitude, isso só ocorreu recentemente”, afirmou ela.

    O Facebook deve tomar uma decisão sobre se vai se empenhar em incentivar o crescimento e a utilização plena da plataforma em Myanmar. Alguns sugerem que a empresa poderia optar por sair do país.

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